Em Le Monde, a tônica recai sobre os processos de controle que
aprisionam as diferenças individuais em função única e
exclusivamente do capital. Fala-se de um poder que disciplina e
encarcera os corpos, mas não as ideias, que fluem
incontrolavelmente pelas fissuras.
Enquanto as máquinas processam as conexões, há um planeta
irrespirável, que se deteriora sem perspectivas quanto ao futuro da
biosfera; dentro dele um sujeito que não se preocupa mais com a
disciplina porque o que passa a valer é o controle dos mapas, das
senhas, das câmeras de segurança, dos micropoderes instalados por
todas as partes e centralizados no capital.
Questões como essas serviram de reflexão e de base para o Katharsis
criar cenas que se encadeiam em busca de uma narrativa livre e
simbólica sobre o sujeito e o mundo. O tema de fundo dá pano prá
manga, mas se apresenta com uma tessitura cênica que valoriza a
transitividade e a impermanência dos sentidos. Fizemos um
espetáculo para ser compreensível, mas não necessariamente
interpretável. Afinal, vivemos todos no mesmo mundo e na mesma
época: livres, mas vigiados; cúmplices e comprometidos com o
sucesso de nosso empreendimento.
Ficha Técnica
Produção e Direção:Roberto Gill Camargo
Criação:Grupo Katharsis
ELENCO:Ademir Feliziani, Andréia Nhur, Lucas Donizeti, Paola Bertolini
Músicos:Janice Vieira (acordeon) e Deni Pontes (percussão)
Provocador cênico: Renato Ferracini
Pesquisa corpovocal:Andréia Nhur
Arte Gráfica:André Bertolini